quarta-feira, 28 de maio de 2014

OMS Declara emergência mundial de poliomelite





É a segunda vez na história que a entidade declara uma emergência global por conta de uma doença; a primeira vez foi em 2009, com a gripe A.
Depois de detectar casos em mais de uma dezena de países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência sanitária mundial diante do risco de contágio da poliomielite.
A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 5, e anunciada depois de uma série de reuniões do Comitê de Emergência da OMS. Essa é apenas a segunda vez na história que a entidade declara uma emergência global por conta de uma doença. A primeira vez foi em 2009, com a gripe A.
Apesar de os casos de pólio terem sido identificados principalmente na África, Oriente Médio e Ásia, a entidade optou por decretar o estado de emergência como forma de combater sua proliferação e diante do risco de que a doença chegue a países que, com esforços de anos e milhões de dólares gastos, conseguiram erradicar o problema.
O vírus estava prestes a ser declarado como extinto há três anos. Mas conflitos armados em algumas regiões e a falta de investimentos em outras abriram as portas para a volta da doença. O risco, desta vez, é que com a facilidade de contatos e de viagens, o vírus teria maiores chances de chegar a novas regiões.
Uma campanha financiada por Bill Gates e Rotary Internacional e que destinou à vacinação mais de US$ 11 bilhões havia conseguido limitar a pólio a apenas três países: Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Os casos em Cabul e Abuja caíram em mais de 50% desde o início da campanha. Mas o mesmo não conseguiu ser feito no Paquistão e, nos últimos seis meses, o vírus se espalhou para a Síria, Iraque, Camarões, Guinea Equatorial, Etiópia, Israel e Somália.
Os principais focos da nova onda da doença são Paquistão, Camarões e Síria. A recomendação a esses governos é de que não permitam a saída de pessoas dos países sem que estejam vacinados. Mas com a guerra na Síria tendo feito desabar parte da estrutura do estado e diante dos mais de 3 milhões de refugiados, a OMS reconhece que muitos que podem estar portando o vírus já estão em outros países.
A Síria era considerada um exemplo no Oriente Médio de como um governo conseguiu erradicar a doença. Nenhum caso foi identificado em 14 anos. Mas a guerra transformou essa realidade. A OMS alerta que milhares de sírios estão hoje vivendo de forma precária nas periferias das grandes cidades européias, além de já representar 25% da população do Líbano e terem criado a quarta maior cidade da Jordânia, em apenas três anos.
Outro centro da atenção é o Paquistão. Em 2012, um total de 223 casos foram identificados no mundo. O número foi o mais baixo já registrado. Mas, em 2013, esse número já chegou a 417. Nos quatro primeiros meses de 2014, o número já chegou a 74. Desses 59 foram registrados no Paquistão.
Mas o que gera a preocupação da OMS é que as cidades paquistanesas sequer iniciaram a temporada do ano em que os casos são mais freqüentes.
Parte do projeto de vacinação no Paquistão foi afetada depois que o governo americano usou uma pessoa disfarçada de agente médico para vacinar as crianças de uma casa que, depois, se descobriria que era o esconderijo de Osama Bin Laden. Rumores de que a vacina causava perda de fertilidade também acabaram atrapalhando o processo.
Apenas em 2013, mais de 20 médicos que percorriam o país foram assassinados, além de nove policiais que faziam a segurança de centros de vacinas.
Entre as recomendações, a OMS pede que os países afetados ampliem as campanhas de vacinação e que dêem às pessoas que estejam viajando documentos que identifiquem se elas foram de fato imunizadas.
O vírus, disseminado por fezes, ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia em apenas algumas horas. 10% dos afetados morrerem e não existe cura.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Falta de sono pode provocar perda de neurônios





Estudo, feito em camundongos, identificou morte de 25% de certas células do cérebro após noites mal dormidas.

A falta de sono pode ter consequências mais sérias do que se imaginava, como a perda permanente de neurônios, revela um novo estudo feito por cientistas americanos.
Em camundongos, a falta prolongada de sono levou à morte de 25% de certas células do cérebro, destaca a pesquisa, publicada na revista científica The Journal of Neuroscience.
Cientistas responsáveis pelo estudo acreditam que se o resultado for semelhante em humanos, seria inútil tentar 'compensar' as horas de sono perdidas.
Eles estimam que um dia será possível desenvolver uma droga para proteger o cérebro dos efeitos negativos das noites mal dormidas.
O estudo analisou ratos de laboratório que foram mantidos acordados para replicar a falta de sono tão característica da vida moderna, ora por turnos de trabalho noturnos ou horas demais passadas no escritório.

Análise

Para conduzir a pesquisa, uma equipe de cientistas da Universidade da Escola de Medicina da Pensilvânia estudou certas células do cérebro que mantêm o cérebro alerta.

Dias depois de seguirem um padrão de sono semelhante àquele dos que normalmente trabalham em turnos noturnos - três dias de jornadas noturnas com apenas quatro a cinco horas de sono durante o dia - o camundongos perderam 25% de seus neurônios, em parte do tronco cerebral.
Os pesquisadores dizem que essa é a primeira evidência de que a falta de sono pode levar à morte de células do cérebro.
Eles acrescentam, entretanto, que mais pesquisas são necessárias para descobrir se pessoas que dormem pouco correriam maior risco de dano cerebral permanente.
Segundo uma das responsáveis pela pesquisa, Sigrid Veasey, 'nós temos evidência de que a falta de sono pode levar a uma lesão irreversível'.
'Isso pode ter acontecido em um animal simples, mas indica que nós precisamos pesquisar melhor esse efeito em humanos'.
Ela afirmou que o próximo passo é fazer um exame post-mortem nos cérebros de pessoas que dormiam pouco para buscar indícios de perda de células cerebrais.
A longo prazo, os cientistas acreditam ser possível desenvolver um medicamento para proteger os neurônios, ao estimular a química natural envolvida na recuperação do sono.
Segundo Hugh Piggins, da Universidade de Manchester, o experimento indica o que pode dar errado no cérebro humano a partir do estudo em ratos.
'Os autores traçam paralelos com as pessoas que trabalham em turnos à noite e sugerem como a privação crônica de sono pode afetar negativamente não só a saúde física, mas também mental', disse Piggins.
'Essa hipótese terá de ser, no entanto, testada com mais pesquisas. No entanto, é consistente com muitos relatos médicos sobre a importância dos ciclos de sono para a melhoria do bem estar.'