Médicos vão interromper nesta quarta-feira o atendimento a clientes de planos de saúde para cobrar reajuste nos valores pagos pelas operadoras. Dos mais de 46 milhões de usuários, a categoria estima que os planos afetados pela paralisação somam de 25 milhões a 35 milhões de clientes. É a segunda vez este ano em que a categoria faz um boicote às operadoras. Na primeira, em abril, a paralisação foi contra todos os planos do País. Desta vez, os médicos suspendem, por 24h, as consultas por convênios que não reajustaram os valores pagos por elas ou não negociaram.
A categoria quer aumento imediato no valor das consultas pago pelos planos e a fixação de um reajuste anual. De acordo com os médicos, as operadoras pagam, em média, R$ 40 por atendimento. O valor mais baixo encontrado pelas entidades médicas é R$ 15,00, e o maior, R$ 80,00. A categoria defende mínimo de R$ 60,00. Segundo os médicos, nos últimos anos, os planos de saúde foram reajustados em cerca de 150%, enquanto a remuneração médica não chegou a subir 50%.
Os médicos reivindicam que os contratos com as operadoras tenham previsão de reajuste anual da remuneração deles, assim como ocorre com as mensalidades dos planos, reajustadas a cada ano a partir de percentuais definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) . “Aos médicos, não há previsão de aumento. Só nos resta o conflito”, disse o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda.
Os profissionais reclamam da interferência das empresas no trabalho médico, como forçar a alta de pacientes internados em unidades intensivas de tratamento e recusar a autorização determinados exames. “É inadmissível quem tem plano de saúde tenha ter que recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) porque as operadoras negam atendimento”, disse Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). Os médicos também cobram atuação mais firme da ANS. “O que está colocado em jogo é a assistência a 46 milhões de usuários. O governo tem responsabilidade”, disse Miranda.
Paraná
No Estado do Paraná, cerca de 10 mil médicos, de um total de 19 mil, suspenderam o atendimento. Segundo a Comissão Estadual de Honorários Médicos, composta por membros da Associação Médica do Paraná (AMP), do Conselho Regional de Medicina (CRM) e do Sindicato dos Médicos, até agora, nenhuma operadora chegou a um acordo.
O presidente da AMP, João Carlos Baracho, destacou que, nos últimos seis meses, cerca de 2 mil médicos se descredenciaram de um ou mais planos devido à defasagem dos valores pagos. “Se os planos de saúde não se adequarem, os médicos não vão mais suportar e continuarão optando pelo descredenciamento. E não é o que queremos.” De acordo com ele, em 2007, a média nacional por consulta era R$ 37,00. Este ano, está em R$ 40,00. No caso do Paraná, segundo Baracho, o ideal seria um honorário entre R$ 80,00 e R$ 100,00 e atualmente os planos pagam entre R$ 42,00 e R$ 45,00.
Protesto
O protesto ocorre em 23 Estados e no Distrito Federal. Em nove, os médicos credenciados suspendem as consultas de todas as operadoras – Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Tocantins. O Amazonas, o Rio Grande do Norte e Roraima são os únicos Estados em que os médicos não pararam porque entraram em acordo com as operadoras ou chegaram a um consenso.
Os atendimentos de urgência e emergência são mantidos durante a mobilização. Segundo as entidades médicas, os pacientes foram avisados com antecedência da paralisação e devem reagendar as consultas. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa 15 das maiores operadoras do País, informa que vem negociando a remuneração com os médicos. A entidade alega que suas afiliadas estão entre as que pagam os maiores valores.
Veja a lista dos planos que serão atingidos pela paralisação:
Acre: Unimed, Assefaz, Casf, Caixa Econômica, Cassi, Capesep, Correios, Eletronorte, Embrapa, Fassincra, Geap, Sesi/DR/AC, Plan - Assiste e Conab.
Alagoas: Smile, Hapvida, Amil e Unimed.
Amapá: SulAmérica, Amil e Grupo Unidas (Plan - Assiste, Geap, Fassincra, Eletronorte, Embrapa, Assefaz, Cassi, Capesaúde, Caixa Econômica, Correios, Embratel).
Bahia: Amil, Medial, Hapvida, Norclínicas/Intermédica, Life Empresarial, Geap, Cassi, Petrobras, Golden Cross e Promédica.
Distrito Federal: Amil, Bradesco, Golden Cross e SulAmérica.
Ceará: todas as operadoras.
Espírito Santo: todas as operadoras.
Goiás: Imas, Geap, Golden Cross, Itaú, Mediservice e SulAmérica.
Maranhão: todas as operadoras.
Mato Grosso: todas as operadoras.
Mato Grosso do Sul: todas as operadoras.
Minas Gerais: todas as operadoras.
Pará: Hapvida, Grupo Lider, Cassi, Ipamb, Iasep, Geap e hospitais militares (Polícia Militar, Naval e Exército).
Paraíba: Geap, Amil, Smile, Hapvida e Norclínica.
Paraná: todas as operadoras.
Pernambuco: Samaritano Viva, Ideal Saúde, Golden Cross, Real Saúde, América Saúde, Hapvida/Santa Clara.
Piauí: Capesaúde, Cassi, Correios Saúde, Geap, Saúde Caixa e Uniplam.
Rio de Janeiro: todas as operadoras.
Rio Grande do Sul: Afivesc, Assefaz, Bacen, Bradesco, Cabergs, Caixa, Canoasprev/Fassem, Capesesp, Casembra, Casf, Cassi, Centro Clínico Gaúcho, Conab, Doctor Clin, ECT, Eletrosul/Elos, Embratel, Fassincra, Geap, Golden Cross, Infraero, IRB, Petrobras, Petrobras Distribuidora, Plan Assist, Proasa, Pró-Salute, Sameisa, Serpro, Sesef, SulAmérica, Unafisco, Usiminas e Walmart.
Rondônia: Unimed, Ameron, SulAmérica e Bradesco.
Santa Catarina: operadoras que atuam no Estado, exceto Assefaz, Saúde Caixa, Capesesp, Cassi, Celos, Correios Saúde, Conab, Eletrosul, Embratel, Elos Saúde, Fassincra, Cooperativas Médicas e Funservir.
São Paulo: Ameplan, Golden Cross, Green Line, Intermédica, Notre Dame, Prosaúde, Blue Life, Dix Amico, Medial, Geap e Volkswagen.
Sergipe: operadoras que atuam no Estado, exceto Assec/Cehop, Assefaz, Cagipe, Camed, Capesep, Casec, Casembrapa, Casse, Cassi, Cassind, ECT, Embratel, Fachesf, Fassincra, Pasa, Petrobras, Petrobras Distribuidora, Plan Assiste, Proasa, Saúde Caixa e Sesef.
Tocantins: todas as operadoras.