Segundo o comentarista, os incendiários precisam ser identificados e levados a justiça. É uma forma de evitar que a destruição continue.
São dois os desafios nas queimadas pelo Brasil: a secura e os incêndios criminosos. Na verdade, a origem do fogo é 100% criminosa, sem a menor sombra de dúvida. Nesta época não há raios no Planalto Central, portanto o que ateia fogo é a mão criminosa do homem.
No domingo (11) e na sexta (9), eu pude ver, de avião que a área atingida é muitas vezes maior que a que está sendo anunciada. É uma paisagem desoladora, é só pretume da vida carbonizada. Domingo, o comandante do avião chegou a anunciar pelo alto-falante a presença maciça de fumaça do lado de fora, nas alturas.
As árvores do cerrado mais antigas, ainda protegem sua vida e seiva com uma casca grossa, que parece cortiça. As mais jovens morrem. Morrem os animais, às centenas, adultos e principalmente filhotes. Tamanduás, tatus, sagüis, emas, lobos, veados, lagartos, cobras - os ninhos de pássaro queimam fácil com ovos e filhotes. Esta noite tive dificuldade em dormir, pelo piado constante e desesperado de uma ave que certamente procurava o filhote.
O homem também é atingido. O monóxido de carbono na fumaça respirada prende-se à hemácia e ela deixa de transportar oxigênio. Em grande quantidade, isso pode matar. Os bombeiros correm esse risco. O fogo já tem um mártir: anos atrás, um alemão, de um organismo internacional, Herr Herdes, corria no Jardim Botânico e, ao perceber o fogo, tentou apagá-lo, foi cercado pelas chamas e morreu, deixando mulher e filhos.
Agora, puseram fogo novamente no Jardim Botânico. Os incendiários, por maldade, ignorância ou segundas intenções, precisam ser identificados e levados à Justiça. É uma forma de evitar que a destruição continue.
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