Um estudo americano indica que seqüenciar o DNA de tumores
de pacientes com câncer pode ajudar a definir quais medicamentos vão e quais
não vão fazer efeito no combate à doença. Os médicos do Centro do Câncer
Memorial Sloan-Kettering, de Nova York, estudaram o caso de um paciente que
respondeu bem a uma droga experimental e compararam seu DNA com os daqueles que
não tiveram mudanças significativas com o medicamento. O Estudo foi divulgado
nesta quinta-feira pela revista Science, da
Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).
Em estudo anterior, médicos notaram que a droga experimental
Everolimus tinha resultado positivo apenas em uma parcela dos pacientes que
participaram da pesquisa. Agora, os cientistas decidiram investigar um desses
casos positivos para tentar entender por que ocorreram respostas diferentes.
A droga atua em um conjunto de proteínas (chamado de mTORC1)
que é ligado ao câncer. O paciente analisado no novo estudo sofria de um tumor
de bexiga e já tinha ocorrido metástase. O seqüenciamento do DNA indicou 17.136
mutações no câncer, mas foram somente duas que chamaram a atenção dos
pesquisadores - duas que influenciam no mTORC1.
"Certos genes na via de sinalização mTORC1 são a causa
de raras síndromes de predisposições para o câncer. Por exemplo, mutações
germinativas (as que passam para as próximas gerações) no gene TSC1 causam uma
condição conhecida como esclerose tuberosa que leva ao câncer em jovens. Nós
encontramos mutações similares no gene TSC1 em cânceres de bexiga, mas nestes
casos as mutações eram somáticas, não ocorriam em todas as células, apenas nas
de câncer", diz ao Terra David B. Solit, um dos autores do
estudo.
No próximo passo, os pesquisadores analisaram pacientes que
tiveram outras respostas ao medicamento - inclusive aqueles com resultados
muito modestos após tomarem a droga. Eles encontraram outras características
nos genes que, segundo os médicos, seriam o motivo da resistência ao
tratamento.
A conclusão, afirmam os cientistas, é que pacientes com
mutações específicas no DNA do tumor responderão melhor ao medicamento e isso
indica que o seqüenciamento genético pode se transformar em uma poderosa arma
no tratamento contra o câncer.
"Atualmente, seqüenciar completamente o genoma de todos
os pacientes é muito caro. Mas os custos, contudo, estão caindo rapidamente.
Nosso relatório destacou o uso do seqüenciamento completo do genoma para
definir as bases de sensibilidade em um único e especial caso para uma droga
específica contra o câncer - um fenótipo discrepante. Métodos menos caros podem
ser usados em outros pacientes para identificar mutações similares em uma
população mais abrangente de pacientes", diz Solit.
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